Coração de guerreiro

Por Jack Donovan


Um biólogo alemão da década de quarenta ponderava sobre pombos e lobos.

Ele observou que, quando pombos rivais são confinados em um espaço pequeno, eles se bicam até a morte. Isso porque evoluíram para ser tímidos, e normalmente evitam o conflito voando para longe. Então, ele infere, eles não desenvolveram um senso de "piedade".

Lobos, por outro lado, são guerreiros implacáveis. Apesar disso, quando um lobo expõe seu pescoço ao seu rival durante uma batalha, a luta para.

Ele conclui: apenas aqueles que sabem lutar, ou seja, que encaram as consequências sangrentas de uma luta feroz, desenvolvem senso de piedade.

Corações gentis pertencem aos guerreiros, não aos efeminados. Efeminados são, paradoxalmente, dos mais sociopatas e narcisistas.

Tornando-se os novos bárbaros

Por Jack Donovan


Poderia haver um colapso. Poderia acontecer. Poderia acontecer amanhã. Deuses vingativos poderiam arremessar rochedos dos céus, varrendo a terra com incêndios e inundações. Poderia haver sangue nas ruas e ranger de dentes. Uma praga de gafanhotos ou abelhas assassinas, alguma gripe chinesa ou o Apocalipse Zumbi. Seus cartões de crédito podem estourar e seus "smart"phones podem ficar estúpidos. Nós podemos ser forçados a nos bandearmos em gangues primitivas e lutar pela sobrevivência. Nós podemos ser forçados pela circunstância além de nosso controle para redescobrir caminhos mais familiares para nossa espécie - para nossos cérebros ancestrais - que esse alastramento infinito banal de parques corporativos e shoppings.

Ou você pode simplesmente conquistar aquele dia como leão, morrer como nasceu, chutando e berrando e coberto no sangue de alguém.

Isso tem certo apelo.

Mas enquanto qualquer ou todas dessas coisas poderiam ocorrer (e tudo isso poderia correr amanhã), também é possível que esse sistema corrupto e falido continue capengando por um longo tempo.

Sim, ele deve cair catastroficamente. Ele merece cair. Mas não importa o quanto o mundo precise de um ajuste de contas ou um botão de resetar, é muito mais fácil quotidianamente para as pessoas em cada nível da sociedade continuar remendando tudo junto e fazendo o melhor possível até que se acabem os remendos.

Assim... até que chegue esse dia...até que se esgotem todos os remendos... Até então, quase todo mundo, mesmo líderes americanos, parecem concordar que a América está em declínio.

E durante este declínio, nós podemos esperar ver mais do que já temos visto. Para a maioria das pessoas, isso significará uma redução "progressiva" da qualidade de vida e a redução das expectativas.

O que não veremos é algum "grande despertar" ou uma mudança dramática em liderança ou direção. As pessoas que governam a América não vão "cair na razão".

Conforme a América decai e se torna um Estado falido, as corporações e empresários e burocratas que a governam continuarão a pregar globalismo e multiculturalismo e feminismo.

Eles continuarão a condenar tudo que possa ser considerado racismo ou tribalismo - especialmente entre brancos - até que estes estejam seguramente na minoria. Eles continuarão a condenar o "sexismo masculino" e continuarão a promover qualquer tipo de sexismo feminino que emascule ou desvalorize homens. Eles continuarão a promover reverência por sua própria classe sacerdotal acadêmica ao mesmo tempo condenando como "extrema" qualquer crença religiosa que desafie a autoridade moral das crenças progressistas. Eles continuarão a promover a dependência no Estado para segurança e renda e saúde - para a própria vida. 

E, não importa quantos "conflitos" eles incitem ou quantas pessoas eles matem ou aprisionem ou quão militarizados seus capangas policiais se tornam, eles oficialmente continuarão a condenar a violência.

Eles continuarão a fazer tudo isso porque isso faz total sentido para eles.

Se vocês fossem os governantes de uma nação em declínio, cuja população está fadada a perder riqueza e status e vocês quisessem proteger seus próprios interesses e preservar suas cabeças, por que vocês não iriam querer manter essa população dividida, emasculada, fraca, dependente, desenganada, temerosa e "não-violenta?"

Líderes podem vir e ir, mas eu não vejo qualquer razão pela qual a mensagem venha a mudar.

Muitos de vocês podem se ver como homens civilizações. Homens sãos em um mundo cada vez mais insano, vulgar e bárbaro.

Mas vocês estão errados! Vocês são os novos bárbaros.

A mensagem oficial continuará a ser que:

  • Se você acredita que os homens não foram criados todos iguais. 
  • Se você acredita que homens livres devem ter acesso a armas de fogo. 
  • Se você acredita que não se pode confiar ao governo a regulação de todos os aspectos da sua vida. 
  • Se você acredita que raça significa sangue e herança - e não apenas "cor da pele". 
  • Se você vê que homens e mulheres são diferentes e crê que eles devem ter papéis diferentes. 
  • Se você acredita que homens devem agir como homens. 
  • Se você acredita que paradas de orgulho gay e "casamento gay" são ridículos. 
  • Se você acredita em alguma "religião obsoleta". 

Se você acredita em qualquer dessas coisas, então, segundo o Estado e as corporações, a Academia e a mídia, você é um neandertal reacionário, homofóbico retrógrado, misógino opressor, neonazista, caipira, psicótico e estúpido.

Você sabe. Dance para isso. Transforme em um remix techno. Porque não se engane: você é perigoso, traidor e muito possivelmente sedicioso.

Bem, isso me lembra as palavras do rapper Eminem:
I am whatever you say I am
If I wasn't then why would I say I am
In the papers the news, every day I am
Radio won't even play my jam

(E eu sou, o que vocês disserem que eu sou
Se eu não fosse, por que estaria dizendo que eu sou?
Nos jornais, nos jornais e todo dia eu sou
Rádios nem tocam minhas batidas)
Não importa o que você pensa que você é. Você é o que quer que eles digam que você é. Eles controlam a mensagem. Não importa quão razoável seja sua mensagem, a rádio não vai tocar sua música. Não importa o que vocês pensam que são, para eles, vocês são os bárbaros. Então sejam. E, se vocês começarão a ser os bárbaros, então comecem a pensar como bárbaros.

O que isso significa? O que significa ser um bárbaro? Classicamente falando, um bárbaro é alguém que não é do Estado, da pólis. O bárbaro não é apropriadamente civilizado - segundo o padrão dominante do Estado. Seus modos são estranhos e tribais. O bárbaro é um forasteiro, um alógeno.

Como deve se modificar o pensamento de um homem quando ele é alienado pelo Estado de seu nascimento?

Como vai um homem de ser um homem da pólis a ser um forasteiro - um bárbaro - em sua própria terra natal?

Essas são questões importantes porque se você não vê solução política viável para a trajetória inana e inumana do Estado progressista - e eu não vejo - então qualquer mudança significativa demandará muito mais do que coletar assinaturas ou apelar ao "bom senso" do público ou eleger o candidato correto. 

O que você precisa é criar uma mudança fundamental na maneira que os homens veem a si mesmos e sua relação com o Estado. Não se preocupa com mudar o Estado. Mude os homens. Corte o cordão umbilical. E deixe-os nascerem para um estado mental para além do Estado.

Mostre a eles como se tornarem bárbaros e romper o domínio do Estado. Como fazer isso? Bem, isso é algo em que estarei pensando e escrevendo pelos próximos anos.

Mas eu posso oferecer quatro linhas de pensamento que eu penso poderem ser úteis.

1 - Separar "nós" e "eles"

Essa conferência é sobre o futuro da identidade. Que identidade? Sobre quem estamos falando? Quem somos "nós"? Quando eu falo com o pessoal sobre o que está acontecendo no mundo agora, eles são rápidos em me dizer o que deveríamos fazer sobre isso, mas quem é esse "nós"?

Você e as corporações que te vendem comida lixo, arruínam sua terra e exportam seus trabalhos? Você e os "especialistas" que transformam seus valores em "problemas psicológicos"? Você e a mídia que zomba de você? Você e os banqueiros de Wall Street que financiarizaram a economia em benefício próprio? Você e os burocratas que querem te desarmar e microgerenciar cada aspecto da sua vida? Você e os políticos que abrem as fronteiras e se dobram todos para agradar um novo grupo de eleitores potenciais ao invés de trabalharem para os interesses dos cidadãos de fato do país que eles juraram representar? 

Que "nós?"

Os americanos, especialmente, estão acostumados a falar em termos de "Nós o povo". Mas há 300 milhões de pessoas nos EUA e isso são muitos "nós". Seja mais específico.

Seja mais tribal.

Uma das melhores dicas de escrita que já recebi foi: jamais diga "pessoas" quando você quer dizer "homens". Bem, meu conselho é jamais diga "nós" quando você quer dizer "eles". Pare de usar linguagem democrática. Pare de fingir que estamos todos no mesmo time, porque não estamos. E não temos que estar. Decida com quem você realmente se importa. Descubra o que vocês tem em comum. Defina suas fronteiras. Decida quem está dentro e quem está fora. As pessoas que estão dentro são "nós". Todos os outros são "eles".

2 - Parar de ficar furioso pelas coisas não fazerem sentido!

Quase nada que você lê ou ouve nas notícias hoje parece fazer qualquer sentido.

As pessoas ficam tão furiosas, tão frustradas, tão traídas. É como se "nossos líderes" fossem loucos ou estúpidos, ou as duas coisas. Não faz sentido colocar mulheres na infantaria. Isso é obviamente loucura! Não faz sentido encorajar jovens a pegar empréstimos universitários que eles nunca vão conseguir pagar. Não faz sentido trazer pessoas para o país quando você já não consegue cuidar das que já estão lá. Tudo isso é loucura!

Não faz sentido começar guerras e então dizer que você está tentando "conquistar corações e mentes". A guerra não é uma boa maneira de conquistar corações e mentes! E se preocupar com corações e mentes não é uma boa maneira de vencer uma guerra!

Não faz sentido que banqueiros e CEOs ganhem paraquedas dourados e saiam de férias ou recebam empregos na administração logo após conscientemente e intencionalmente destruírem companhias, vidas, empregos, o meio-ambiente - segmentos inteiros da economia!

Mas se você perceber que eles - as pessoas que governam o país - estão fazendo coisas para beneficiar a eles e não a vocês, então tudo faz sentido.

Considere a possibilidade de que os líderes americanos não se importam realmente se soldados americanos vivem ou morrem. Considere a possibilidade de que faculdades e banqueiros americanos não se importam se você vive o resto da vida em dívida com eles. Eles provavelmente preferem que isso aconteça. Considere a possibilidade de que políticos americanos se importam mais com manter seus empregos e ficar bem na mídia do que com o que acontece com as pessoas de seu próprio país a longo prazo. Considere a possibilidade de que "você" não é parte de um "nós" com o qual "eles" se importam. Eu prometo que se você meditar sobre isso, as coisas vão começar a fazer mais sentido.

Se você abandonar a ideia de que essas pessoas deveriam se importar com você ou com o país, e se permitir vê-los como gangues e indivíduos trabalhando para avançar seus próprios interesses, você pode relaxar e apreciar sua estratégia engenhosa.

Abandone as expectativas tolas sobre o que essas pessoas deveriam estar fazendo. Dê um passo para trás e os veja pelo que são. Não fica com raiva. Não fique indignado. Seja sábio.

Como Nietzsche recomendou: seja despreocupado, zombeteiro e violento.

3 - Desuniversalizar a moralidade

Homens criados com valores americanos, igualitários, "ocidentais" querem ser "homens bons". Eles querem ser justos, e querem ser justos com todos. Isso pode ser absolutamente paralisante.

Isso cria um conflito interno para homens - bons homens - que são especialmente atléticos ou que tem algum tipo de background militar ou policial. Eles foram ensinados a acreditar em espírito esportivo e justiça.

Eles querem fazer a "coisa certa", não importando as circunstâncias. Eles querem ser o Batman.

Porém, também está na natureza desses homens - ainda mais que na de outros homens - pensar verticalmente, hierarquicamente, tribalmente, pensar em termos de "nós" e "eles". Avaliar os outros naturalmente, primariamente, pelas virtudes táticas masculinas de força, coragem, domínio e honra.

Mas assim que acaba o jogo de futebol americano ou o filme de super-herói, a América progressista volta a odiar e punir essas virtudes. A América progressista volta a odiar e punir homens que agem como homens. Esses "homens bons"...esses caras que querem ser heróis são culpados e enganados e abandonados e tratados como lixo.

Não importa qual seja a mensagem da América progressista, no que concerne homens que agem como homens - especialmente homens brancos - ninguém realmente se importa se eles são tratados de forma justa. 

Ainda assim, esses homens bons não querem excluir as mulheres de nada porque isso parece injusto. Eles tem irmãs e mães e querem que todos tenham uma chance. Mas as mulheres - enquanto grupo - não se importam quando homens se sentem excluídos.

Na verdade, quando homens levantam qualquer objeção, grupos de mulheres são os primeiros a chamá-los de "reclamões" e "perdedores". Homens brancos "bons" se importam com o que acontece com negros enquanto grupo. Eles querem garantir que os negros sejam tratados com justiça e de forma igualitária e saem do próprio caminho para garantir que não estejam "discriminando".
Os negros enquanto grupo se importam com o que acontece com os brancos enquanto grupo? Um pai mexicano com três bebês se importa se alguma criança branca dos subúrbios consegue arranjar algum emprego de verão? 

O problema desses valores ocidentais tardios é que eles funcionam melhor como valores intratribais.
Eles só funcionam quando todos estão conectados e são interdependentes. Justiça e espírito esportivo promovem harmonia dentro da comunidade. Mas em algum ponto você tem que traçar essa linha. Você tem que decidir quem é parte da comunidade e quem não é.

Você não pode jogar limpo com pessoas que não se importam se você for varrido do mapa. Você não tem que odiar todos que não são parte da sua tribo, mas é idiotice continuar a se importar com pessoas que não se importam com você. 

Esses tipos heroicos são os guardiões naturais de qualquer tribo, mas suas naturezas heroicas são desperdiçadas e abusadas quando se demanda deles que protejam a todos, até inimigos e ingratos que os desprezam.

Se os Bárbaros Ocidentais vão preservar alguma porção de sua herança e identidade ocidentais, eles precisam resolver esses conflitos morais. 

Eles não precisam necessariamente abandonar a moralidade ou a virtude moral, mas eles precisam erguer sua égide e se tornar, como na República de Platão, "nobres cães que são gentis com seus familiares e o oposto com estranhos". 

Seja moralmente responsável. Mas apenas perante a tribo.

Se eles vão prosperar e perdurar em uma nação decadente, os Novos Bárbaros precisam desistir da trágica e incompreendida rotina de herói e perceber que eles não são o Batman. Por que alguém gostaria de ser?

4 - Se tornar independente do Estado, e interdependente um com o outro

Os Estados Unidos da América e suas corporações principais oferecem uma grande gama de produtos e serviços. Todos eles possuem cordas atadas e quanto mais você depende deles, mais fácil é para que eles te controlem.

Não é uma grande ameaça para eles se você entra online e "curte" uma página subversiva ou vocifera sua ira solitária impotente, desde que o resto da sua identidade se encaixe adequadamente no estilo de vida burguês americano.

Desde que você continua trabalhando em alguma grande empresa e se mantenha ocupado por 40 ou 50 ou 60 horas por semana para que você possa comprar a sua grande gama de produtos e serviços.

E então, no tempo que te sobrar, você entra na internet e você pode brincar de ser o ortodoxo ou o romano ou o odinista e postar imagens legais de vikings e centuriões e cruzados.

Mas isso não é uma identidade real ou uma tribo real ou uma comunidade real. De todas as maneiras, use o Estado Progressista e tome dele o que você puder enquanto ainda há algo para tomar, mas se você realmente quer algum tipo de "estilo de vida alternativo" ao que o Estado tem a oferecer, se você quer manter algum tipo de identidade tribal que possa perdurar ao declínio e colapso da América - também conhecido como uma súbita ausência de produtos e serviços adequados - ao invés de "organizar comunidade" na internet usando cuecas ou recuar para um refúgio rural com mulher e crianças, traga algumas dessas pessoas da internet para perto de você e vivam umas próximas às outras. Tomem o controle de uma vizinhança ou um complexo de apartamentos, comecem negócios e forneçam serviços de que as pessoas realmente necessitem.

É ótimo ter escritores e pensadores, mas vocês também precisam de mecânicos e encanadores e costureiras. Sirva a todos, mas seja leal às pessoas "na família" e faça delas "suas".

Não é necessário ser algo formal. Apenas comece a silenciosamente construir uma comunidade de homens e mulheres que pensem parecido em algum lugar. Qualquer lugar.

Não se preocupe com criar algum movimento político de massas ou recrutar milhares ou milhões de pessoas. Não se preocupe com mudar o Estado. Bárbaros não se preocupam com mudar o Estado. Isso é para homens do Estado - que acreditam e pertencem ao Estado.

Foque em umas 150 pessoas. Uma pequena comunidade de pessoas trabalhando juntas para se tornarem menos dependentes do Estado e mais dependentes umas das outras.

Imigrantes recentes - muitos dos quais literalmente "não são do Estado" - podem servir de exemplo. Não era há muito tempo atrás que os irlandeses e italianos viviam em comunidades insulares. Pense nas partes russas da cidade.

Olhe para lugares como Chinatown em São Francisco: de tantas em tantas quadras, você vê prédios marcados. Alguma coisa...alguma coisa...alguma coisa..."Associação Beneficente".

Parece legal, certo? Pode ser uma frente para a Tríade. Pode estar ali para ajudar crianças chinesas. Eu não tenho ideia. Mas eu tenho certeza que é para pessoas chinesas. Também há consultórios médicos e escritórios de advocacia e lojas de conserto e mercados. Há toda uma rede de pessoas cuidando de seu próprio povo em primeiro lugar. 

Há uma comunidade ali de pessoas que são exclusivas, insulares e interdependentes. Elas procuram umas as outras primeiros pelo que precisam. Elas são mais difíceis de vigiar e mais difíceis de controlar. Elas dependem menos do Estado e mais umas das outras. E quando o colapso vier, elas vão cuidar umas das outras primeiro, enquanto todo o resto está esperando o Estado "fazer alguma coisa".

Qualquer seja o seu "nós", qualquer seja a sua "tribo", ela é apenas uma idéia na sua cabeça até que você tenha um grupo de pessoas realmente interdependentes que partilham do mesmo destino. É isso que é uma tribo. É isso que é uma comunidade. Esse é o futuro da identidade na América.

A terra pertence àqueles que a tomam e a mantém. E essa terra não é mais sua terra ou minha terra - oficialmente é a terra deles. Você pode não ser capaz de retomá-la, pelo menos não por enquanto, mas vocês podem se tornar e viver como bárbaros felizes, como forasteiros interiores, e trabalhar para construir os tipos de comunidades resilientes e redes de pessoas habilidades que possam sobreviver ao colapso e preservar suas identidades após a Queda.

O reino de narciso

Por Alain de Benoist


"A sociedade adotou integralmente, sem o menor limite e sem o menor contrapeso, os valores femininos"; com estes termos expressou recentemente seu parecer o pediatra Aldo Naouri. Dessa feminização temos já testemunhos: a primazia da economia sobre a política, do consumo sobre a produção, da discussão sobre a decisão, o declínio da autoridade em proveito do "diálogo", também a obsessão com a proteção das crianças (ademais da sobrevaloração da palavra da criança), a exibição em praça pública da vida privada e as confissões íntimas nos "reality shows" da TV, a moda do "humanitarismo" e da caridade midiática, pôr ênfase constante sobre os problemas da sexualidade, da procriação e da saúde, a obsessão com as aparências, do querer agradar e do cuidado de si mesmo (também a assimilação da sedução masculina à manipulação e a "doença"), a feminização das profissões (docência, magistratura, psicologia, operadores sociais), a importância das tarefas da comunicação e dos serviços, a difusão das formas redondas na indústria, a sacralização do matrimônio por amor (um oxímoro).

A moda da ideologia vitimística, a multiplicação das "células de contenção psicológica", o desenvolvimento do mercado da emotividade e da compaixão, a nova concepção da justiça que faz dela um meio não para julgar com absoluta equidade, mas para fazer pesar a dor da vítima (para lhe consentir "elaborar o luto" e "se reconstruir"), a moda da ecologia e dos "remédios doces", generalizar os valores de mercado, a sacralização do "casal" e dos "problemas de casal", a predileção pela transparência e pela mistura de conceitos, sem esquecer o telefone celular como substituto do cordão umbilical, o progressivo desaparecimento do imperativo na linguagem corrente e finalmente a globalização, que tende a instaurar um mundo de fluxos e refluxos, sem fronteiras nem pontos de referência estáveis, um mundo líquido e amitótico (a lógica do Mar e também a da Mãe).

Depois da rígida cultura dos anos trinta, nem tudo foi negativo nessa feminização, claro; mas se precipitou excessivamente no sentido inverso.

Para além de ser sinônimo de desvirilização, desembocou no cancelamento simbólico do papel do Pai, confundindo os papeis sociais masculino e feminino.

A generalização da condição salarial e a evolução da sociedade industrial provocaram que hoje os homens não contem com tempo para dedicar a seus filhos, o Pai, progressivamente, foi reduzido a um papel econômico e administrativo.

Transformado em "papai", tende a se converter em um simples sustentáculo afetivo e sentimental, provedor de bens de consumo e executor da vontade materna, e ao mesmo tempo um assistente social familiar, um enfeito de cozinha, destinado a trocar panos e promover passeios.

Não obstante, o Pai simboliza a lei, referente objetivo que se alça por cima da subjetividade familiar. Enquanto a mãe expressa, antes de mais nada, o mundo dos afetos e das necessidades, o pai tem a função de cortar o vínculo de união entre a criança e a mãe. Fazendo funcionar a terceira instância que impulsiona a criança a sair da onipotência narcisista, consentindo-lhe o encontro com seu contexto sócio-histórico e o ajuda a se colocar dentro de um mundo em transformação. Assegura "a transmissão da origem, do nome, da identidade, da herança cultural, da tarefa a desenvolver", como escreveu Philippe Forget. Servindo de ponte entre a esfera familiar privada e a pública, limitando o desejo por intermédio da Lei, ele se revela indispensável na construção da identidade. Em nosso tempo os pais tendem a se converter em "mães como as outras". Para usar as palavras de Eric Zemmour "também eles querem ser portadores do Amor e não mais apenas da Lei".

Pois bem, a criança sem pai deve realizar um enorme esforço para acessar o mundo simbólico. Na busca de um bem-estar imediato sem obrigá-lo a afrontar a Lei, a dependência dos bens torna-se naturalmente seu modo de ser.

Outra característica da modernidade tardia é a confusão entre as funções masculinas e femininas, que faz dos progenitores sujeitos perdidos na confusão dos papeis não distinguindo na névoa os pontos de referência.

Os sexos são complementares-antagônicos, o que quer dizer que se atraem e se combatem simultaneamente. A indiferença sexual, buscada na esperança de pacificar as relações entre os sexos acaba fazendo desaparecer aquelas relações. Confundindo identidades sexuais (não há mais que duas) com orientações sexuais (pode haver uma multidão), a reivindicação da homoparentalidade (que retira à criança os meios de identificar sua parentela e nega a importância da filiação em sua construção psíquica) se reduz a solicitar ao Estado a fabricação de leis, para convalidar costumes adquiridos, legalizar uma pulsão ou dar uma garantia institucional a um desejo, todas funções que não lhe competem.

Paradoxalmente, a privatização da família se produz paralelamente com a invasão de parte do "aparato terapêutico" de técnicos, especialistas, conselheiros e psicólogos. Essa "colonização do mundo vivido" efetuada com o pretexto de racionalizar a vida quotidiana, reforçou simultaneamente a medicalização da existência, retirando responsabilidade dos progenitores e a capacidade de supervisão e controle disciplinar ao Estado. Em uma sociedade em dívida perpétua em relação com os indivíduos, em uma república oscilante entre comemoração e compaixão, o Estado assistencial, aprisionado na gestão lacrimejante das misérias sociais pelo trâmite de sua caricatura sanitária e de assistência social, se transformou em um Estado maternal, protetor, higienista, distribuidor de mensagens de "ajuda" a uma sociedade reclusa em um curral.

Essa sociedade dominada pelo matriarcado mercantil se indigna hoje com o "machismo" da periferia metropolitana e se surpreende ao se ver desprezada.

Tudo isso não é mais que a forma exterior de um fato social, por trás do qual se dissimula a desigualdade salarial e as mulheres violentadas.

A dureza, apagada do discurso público, retorna com mais força, a violência social se desencadeia sob o horizonte do Império do Bem.

A feminização das "elites" e o papel adquirido pelas mulheres no mundo do trabalho não o converteram em mais afetuoso, tolerante, amante do próximo, só mais hipócrita. A esfera do trabalho assalariado obedece, sempre, somente às leis do mercado, cujo objetivo é acumular retornos lucrativos, ao infinito, sobre os investimentos efetuados. O capitalismo, se sabe, constantemente impulsionou as mulheres a trabalharem com o fim de exercer uma pressão para rebaixar o salário masculino.

Cada sociedade tende a manifestar dinâmicas psicológicas que se podem observar, também, a nível pessoal. Ao fim do século XIX se advertia com frequência a histeria, ao início do século XX, a paranoia. Nos países ocidentais, a patologia mais corrente hoje parece ser um narcisismo de civilização, que se expressa em particular na infantilização dos cidadãos, em uma existência imatura, em uma ansiedade que leva muitas vezes à depressão. Cada indivíduo toma como objetivo e como finalidade de tudo, a busca de si mesmo aproveita a vantagem sobre o sentido da diferença sexual, sua relação com o tempo se limita ao imediato.

O narcisismo produz uma obsessão de autogeração, em um mundo sem lembranças nem promessas, no qual passado e futuro se encontram igualmente desdobrados sobre um eterno presente no qual cada um se assume assim mesmo como objeto do próprio desejo, pretendendo escapar às consequências de seus atos.

Todo mundo é uma prostituta

Por Jack Donovan


A retórica da inflação de ego está em todo lugar. No trabalho, na escola e no shopping, os americanos esperam que todos digam o quão especiais, talentosos e importantes eles são. Em nosso mundo invertido, os fracos são fortes de alguma forma, aquele que sobrevive a uma cutícula arrancada é corajoso, e todo burocrata que trabalha para o Departamento de Defesa é um maldito herói. 

Na GloboCorp, o departamento de recursos humanos tenta convencer cada Joãozinho e Mariazinha que eles são absolutamente essenciais para o sucesso da empresa. Os talentos criativos de cada um são valorizados e todos, do zelador ao presidente, são capazes de fazer contribuições positivas tremendas. Em seu recente livro sobre o valor do trabalho, Matthew B. Crawford argumenta que corporações modernas desvalorizam conquistas significativas quando elas nos agradam e falam como se todo mundo fosse uma espécie de Einstein.

Os americanos gostam que seja dito que são brilhantes e corajosos, mas como um povo, esses não são mais os nossos valores mais elevados. Quem consegue nomear cinco recentes e legítimos heróis de guerra? A plebe tampouco se importa a respeito de quem é inteligente. Ela só liga para a ciência quando quer perder peso, vencer uma discussão na Internet ou descobrir como o mundo irá acabar. Se você conseguir falar agora o nome de dez caras que fazem ciência de verdade, você provavelmente é um cientista. 

A maioria das pessoas sabe que elas não são Einsteins, e elas realmente não ligam para isso. Elas têm uma preocupação mais premente. 

O que elas realmente estão se perguntando é: "sou gostoso(a) ou não?” 

Pessoas bonitas são os faróis mais brilhantes do nosso mundo flutuante. Modelos atraentes e atores recebem muito mais elogios e atenção do que condecorados com a Medalha de Honra. As pessoas amam tecnologia, mas a usam para "acompanhar os Kardashians". Elas lotam as academias, mas força e fitness são apenas subprodutos do seu desejo de serem desejadas. Um abdômen trincado é mais valorizado que um supino poderoso ou um agachamento com carga alta. Ninguém liga pra quanto peso Tatum Channing ou Brad Pitt conseguem levantar, ou quão rápido eles podem correr, ou o que eles são capazes de construir, ou quantos caras eles conseguem derrotar em um combate. Eles são admirados por serem desejáveis.

Antigamente, apenas as mulheres jovens se preocupavam excessivamente em serem desejadas. Em sociedades patriarcais tradicionais, uma mulher a qual nenhum homem quisesse como esposa se tornaria um fardo para seus pais. Uma mulher não desejada nunca poderia se tornar uma mãe ou administrar uma casa. Ela seria para sempre uma filha dependente ou uma independente e solitária solteirona. Para mulheres em idade de casar, a atratividade tem um valor muito alto e, embora a sua importância diminua com a idade, a maioria dos homens ainda prefere ter uma esposa bonita a uma feia. Seja por hábito ou por natureza, muitas mulheres tendem a gostar de se pintarem e se adornarem para parecerem mais jovens, férteis, femininas e atraentes. 

No entanto, de todas as mulheres, a que mais se importa em ser desejada é a prostituta, porque sua sobrevivência depende da sua habilidade de fisgar os homens para dentro de seus quadris. 

Alguns apontarão para a ornamentação masculina como um contraexemplo, mas a motivação por trás do embelezamento masculino tem sido tradicionalmente diferente. Quando os homens se ornamentavam, eles o faziam para parecerem mais temíveis ou para comunicar status. O Samurai usava vermelho, e como em muitos pontos mais delicados da higiene samurai, eles o faziam para que seus inimigos os respeitassem como oponentes viris, mesmo depois que fossem mortos. Eles não “davam um trato no visual” para transar. Eles o faziam para ganhar o respeito de outros homens. 

No fim de semana passado, um filme sobre strippers masculinos faturou $39,2 milhões de dólares nas bilheterias. A América percorreu um longo caminho desde Flashdance. 

No meu livro, "O Código dos Homens", eu usei bonobos e chimpanzés para comparar a sociedade orientada para o sexo feminino com a sociedade orientada para o sexo masculino. Pessoas não são exatamente a mesma coisa que macacos, mas eu acho que chimpanzés e bonobos fazem metáforas reveladoras para onde estivemos e para onde aparentemente estamos indo. 

Os bonobos vivem luxuosamente, com acesso a tanto alimento quanto precisam. Coalizões de fêmeas reprimem a agressão masculina e os machos raramente formam grupos coesos. Os machos não sabem quem são seus pais, somente suas mães. O sexo é igual ao que a vadia de um bar disse uma vez a um amigo meu; “como um aperto de mãos". O homossexualismo é lugar-comum porque o sexo é uma atividade social e todo mundo faz sexo com todo mundo. Não se trata de reprodução; se trata de masturbação mútua e de se divertir. Costuma-se dizer que os bonobos são pacíficos, e embora isso possa não ser completamente verdadeiro, eles são definitivamente matrilineares e excepcionalmente “safados”. 

Os chimpanzés formam grupos de caça patriarcais. Os machos permanecem juntos e as fêmeas acabam migrando de grupo pra grupo. O sexo é uma atividade reprodutiva. O homossexualismo é raro. Os machos dominam as fêmeas e aqueles que estão no topo da hierarquia masculina controlam todo o grupo. 

A América está rapidamente se tornando a "Sociedade Masturbatória dos Bonobos", devotada ao prazer e organizada primariamente para servir aos interesses das fêmeas. Cada vez mais homens são criados por mães solteiras e os machos são desencorajados de se organizarem sem a supervisão feminina. O sexo é social e a maior parte do trabalho duro e perigoso que os homens costumavam fazer, ou é feito por máquinas "à prova de idiotas" ou é terceirizado para países onde o custo de vida é barato. Mulheres e homens desonrados microgerenciam agressões masculinas com leis e processos judiciais sem fim, e bad boys que não podem pagar por grandes advogados são chutados pra dentro de uma multibilionária indústria prisional, que ostenta a maior taxa de encarceramento do mundo. 

Em nossa sociedade masturbatória de bonobos, trepar é uma das únicas coisas que os homens são encorajados a fazer que os fazem se sentirem realmente como homens. 

Por todo o Alt-Right, vários autores criticam a cultura PUA (artistas da sedução). Porque praticamente a única coisa viril que os homens estão autorizados a fazer é transar, eu sou mais simpático a essas coisas. Eu vejo o que muitos chamam de PUA como um tipo de "acesso à masculinidade". O PUA é essencialmente um treinamento de assertividade para uma geração de jovens que passaram a maior parte de suas vidas brincando de "mamãe, eu posso?" 

Virilidade é como um talento. Alguns homens são mais dotados que outros, mas como qualquer talento, a masculinidade tem que ser pressionada e desenvolvida para significar algo impressionante. Garotos que foram criados por mães solteiras ou pais superprotetores e expostos ao sistema de lavagem cerebral feminista das escolas públicas, nunca foram postos à prova ou treinados por grupos de homens severos. Você não pode entregar um diploma de ensino médio a um guri criado a leite com pêra e ovomaltine pela mamãe e esperar que ele cuspa igual a Clint Eastwood. 

Quando falam sobre PUA, os homens na “manosfera” estão escavando através das besteiras que o sistema diz sobre garotas aos garotos. Este é um trabalho que precisa ser feito. Se os caras medianos acreditarem na baboseira oficial que é dita sobre sexo e relacionamentos, eles serão usados e abusados pelas arrogantes e pretensiosas mulheres americanas pelo resto de suas vidas. E, na medida em que desconstroem mitos feministas sobre os sexos, eu vi muitos desses caras começarem a se perguntar o que realmente significava ser homem. Essa é uma conversa importante. Entretanto, quase parece um caminho mais seguro no clima cultural atual, fazer da perseguição à boceta uma opção de vida em longo prazo. É aí que as médias positivas deslizam em direção a um extremo negativo. 

Andy Nowicki escreveu que se os homens realmente querem minar o matriarcado, eles deveriam parar de foder. Ele pode ter suas próprias motivações (possivelmente religiosas) para dizer tal coisa, mas eu acho que ele tem alguma razão nesse ponto. 

Nossas feministas manipuladoras e globalistas adorariam mais do que qualquer outra coisa, manter os homens jovens – o grupo mais perigoso e potencialmente revolucionário em qualquer civilização – completamente distraídos pela boceta. E, embora possa sentir como se estivesse afirmando sua dominância (convenientemente da forma mais inofensiva possível), se tudo o que você faz serve para torná-lo mais atraente para as mulheres, você é um “vibrador ansioso”. Quando os seus músculos são apenas para exibição, quando tudo o que você faz é para torná-lo mais desejável, você está interpretando o papel feminino. Quando o seu valor como homem depende do número de mulheres que você consegue levar pra cama, você não passa de um gigolô. 

Como Hunter S. Thompson notou, sexo é a maior diversão dos amadores. É maravilhoso quando você é jovem, bonito, ingênuo e despreocupado - mas "putas velhas não dão tantas risadinhas". 

Mark Simpson tinha compreendido muito disso quando, lá em 1994, cunhou o termo "metrossexual". O metrossexual não é necessariamente gay ou efeminado no sentido extravagante da palavra - essa é a apenas a maneira como a palavra “pegou” entre as pessoas. A ideia de metrossexual de Simpson é de um "homem espelho" cujas maiores preocupações narcisistas são a busca do prazer e ser considerado "desejável". Ele pode estar apaixonado por si mesmo, mas isso também é um tipo de amor frívolo. Ele liga mais para a aparência e para quão bem ele fode do que para o que conquistou ou o quanto é respeitado. É uma vaidade de prostituta. 

Hugh Hefner estava muito a frente do seu tempo. Foram os homossexuais que abriram caminho para o estilo de vida bonobo em massa. Antes que os PUAs de hoje estivessem na pré-escola, eles já faziam isso por causa dos números, à procura de validação, baseando seu valor próprio em "quantos" e "quão gostosos". Homossexuais rejeitaram expectativas e papéis masculinos tradicionais e canalizaram toda a sua agressão masculina para o sexo e em prol do sexo. Sua ideia de masculinidade tornou-se masturbatória - um Tom of Finland bombado, uma caricatura de forma masculina, sem função, honra ou virtude. Os homossexuais, por serem “homens”, definiram o cenário cultural para a objetificação masculina da mesma forma que os homens sempre objetificaram as mulheres. 

Como bonobos desbravadores, os homossexuais descobriram as desvantagens do meretrício. Um jogador experiente estava destinado a adquirir um punhado de DSTs, e a AIDS praticamente dizimou uma geração inteira de homens "sexualmente liberados". Para muitos, existem também muitos custos psicológicos. Ser desejado é uma droga viciante. E quando esse é o seu valor mais elevado, isso se torna sua identidade. Um dos problemas – e isso sempre foi uma maldição para as mulheres – é que a atratividade sexual está ligada ao instinto de procriação, e tem seu pico na juventude. Os homens envelhecem de forma mais suave que as mulheres, mas a maioria dos homens que barganha seu “sex appeal” não alcança de forma tranquila a masculinidade da meia-idade, confiante e segura, de seus antepassados. Como os homossexuais e estrelas de cinema, eu me pergunto quantos dos “pegadores” modernos sairão em busca de esteroides, Viagra, e eventualmente se convencerão de que talvez a plástica facial de Kenny Rogers fique melhor neles do que ficou neste. (Não ficará, camaradas. Vocês ainda parecerão com uma lésbica velha que não consegue piscar). Há algo de particularmente desesperado, triste e indigno em um homem de certa idade que gasta muito tempo buscando por validação sexual. 

O que é pior é que os heterossexuais não estão no mercado para os homens; eles estão no mercado para as mulheres, de modo que a biologia os coloca em grande desvantagem. O “estrategista em sedução" Heartiste recentemente postou sobre uma experiência de encontros online na qual os dois caras mais bonitos, em conjunto, conseguiram obter um total de 50 mensagens de mulheres, enquanto que as mulheres mais atraentes do site receberam mais de 536 mensagens de homens, no mesmo período de tempo. Esse “campo de jogo” nunca chegará perto de ver qualquer igualdade, mas o PUA está ganhando popularidade porque os homens enxergam essa disparidade e querem aumentar suas chances. 

Homens com boa aparência e algum jogo interno podem ser capazes de manter esse ritmo pela maior parte de suas vidas e acabarão tendo boas histórias para contar. Uma pequena minoria de homens sempre foi libertina e provavelmente alguns estão particularmente bem adaptados a isso. Uns terão arrependimentos e outros não. 

O problema não é o que acontece para uns poucos jogadores, mas o que nos tornamos enquanto sociedade quando todo mundo quer ser um jogador. A libertinagem costumava ser uma forma de rebeldia, mas cada vez mais ela é parte do programa. Em uma sociedade onde o sexo e a atratividade são os valores mais elevados, o que acontece com os outros dois terços da curva? 

A carne não será democratizada. A atratividade não é mais uniformemente distribuída do que a força, o tamanho ou QI. O mundo é cheio de gente feia e gorda. As pessoas podem melhorar bastante com dieta, exercício e higiene – e deveriam –, mas você pode colocar batom em um porco e ainda assim ele continua sendo um porco. Alguns homens e mulheres simplesmente não têm uma boa aparência. Várias pessoas são, na verdade, bastante repulsivas. Algumas provavelmente deveriam evitar a luz do dia por completo, porque elas amedrontam as crianças pequenas. 

As mulheres sempre foram conscientes do elitismo cruel da hierarquia natural da beleza. Em sociedades nas quais outras virtudes tiveram um valor maior, elas poderiam se concentrar na piedade ou simplesmente em serem boas mães. Quando as mulheres foram “sexualmente libertas”, algumas feministas (principalmente as gordas e feias) acharam que poderiam contar com o condicionamento social para dar a todos nós óculos com “visão de cerveja” permanente e tornar cada bruxa velha e inchada tão desejável quanto Heather Locklear. Se a Barbie pelo menos tivesse proporções realistas, ou se fôssemos forçados a ver mais obesos mórbidos na televisão, então, menos lágrimas cairiam nos potes de sorvete. Elas continuam a fazer pressão pela “aceitação das gordas” e continuam nos dizendo que “o volumoso é belo”. Quando isso não funciona, elas nos represam com clichés ruins e tentam nos convencer de que a beleza ou está nos olhos de quem vê ou “no interior”. Nós podemos tratá-las com condescendência ou tentar ser mais sensíveis, mas fingir que todos são igualmente belos é tão absurdo e incorreto quanto fingir que todo mundo é um Einstein. 

Ninguém quer uma boneca Barbie de tornozelos obesos, e a desobjetificação das mulheres está em desacordo com o Zeitgeist da nossa ultra-sexualizada sociedade masturbatória de bonobos. Andrea Dworkin perdeu, e mais do que nunca garotas adolescentes estão assistindo pornô hardcore para aprender como rebolar, socar uma e engolir como as “profissas”. Eu vou para a academia e vejo caras que não estão ali para levantar ferro ou ficarem monstros. Eles estão seguindo treinos para “secar” e construir um corpo “para as gurias”. Essas gurias estão pegando um bronze, recebendo implantes nos seios e tentando ficar parecidas com strippers. Um amigo que ensina em uma escola da Califórnia disse que eles tiveram que cancelar o dia de Halloween porque as crianças não queriam mais ser assustadoras nem fofas. Os garotos e garotas, de modo idêntico, estavam usando o feriado como uma desculpa para irem à escola o mais próximo de nuas que era possível. 

As pessoas costumavam ter aspirações mais decentes. Elas queriam formar famílias, queriam fazer um bom trabalho. Queriam ser bons cidadãos, bons cristãos, ser uma boa pessoa. Agora todo mundo quer ser pegador e estrela pornô. Todo mundo quer ser o tipo de macaco no qual os outros macacos querem se esfregar. 

Nós chamamos essa orgia matrilinear de “progresso” e buscamos a nossa redenção moral na reciclagem. 

O sexo pode ser natural, e com certeza é divertido, mas é apenas uma parte da vida. Uma sociedade que põe ênfase excessiva no sexo a ponto de parecer que a única coisa que significa algo na vida é grotesca e degradada, e para a maioria das pessoas ela garante mais em um vazio do que em êxtase. 

Em patriarcados saudáveis, os homens se forçam para ganhar o respeito e a admiração dos outros homens. Eles trabalham para provarem sua força, coragem e competência uns para os outros. Os homens se orgulham de sua reputação pelo domínio dos seus corpos, suas ações e seu ambiente. Eles querem ser conhecidos pelo que são capazes de fazer, não apenas por quão bem ou quem eles fodem. E com certeza eles não perdem seu tempo tentando descobrir o que eles podem fazer para impressionar uma vadia burra. 

Puta merda, em alguns lugares, quando um homem está pronto para arranjar uma esposa, ele apenas escolhe uma e a sequestra. Os homens costumavam se casar e tocar suas vidas. Parece um caminho de vida mais saudável para mim e eu tenho visualizado o que o outro lado tem a oferecer. 

Recentemente, eu assisti Restrepo, um documentário sobre soldados lutando no Afeganistão. Tinha uma cena onde os americanos tinham que negociar com anciões de tribos locais. Os anciões eram um bando de caras velhos com um olhar muito sério e suas longas barbas eram vermelhas brilhantes tingidas com rena. 

Nossos “aliados” tribais no cemitério dos impérios têm lá seus problemas. Eles cagam nas próprias mãos e estupram garotinhos. Seus costumes deixam espaço para muitas melhorias. 

No entanto, enquanto eu assistia seus olhos sérios, eu me perguntava se qualquer um daqueles homens perdeu muito tempo se perguntando, “sou gostoso ou não?”. 

O homem livre é o guerreiro

Por Friedrich Nietzsche

Arte por Arno Breker
Meu conceito de liberdade. — Às vezes o valor de uma coisa não se acha naquilo que se obtém com ela, mas naquilo que por ela se paga — aquilo que nos custa. Darei um exemplo. As instituições liberais deixam de ser liberais logo que são alcançadas: não há, depois, nada tão radicalmente prejudicial à liberdade quanto as instituições liberais. Sabe-se muito bem o que trazem consigo: elas minam a vontade de poder, elas são o nivelamento de montes e vales alçado à condição de moral, elas tornam os homens pequenos, cobardes e ávidos de prazer — com elas triunfa, a cada vez, o animal de rebanho. Liberalismo: em outras palavras, animalização em rebanho. As mesmas instituições produzem efeitos bastante diferentes enquanto se luta por elas; então realmente promovem a liberdade de maneira poderosa. Observando mais detidamente, é a guerra que produz esses efeitos, a guerra por instituições liberais, que, como guerra, faz perdurarem os instintos iliberais. E a guerra educa para a liberdade. Pois o que é liberdade? Ter a vontade da responsabilidade por si próprio. Preservar a distância que nos separa. Tornar-se mais indiferente à labuta, dureza, privação, até mesmo à vida. Estar disposto a sacrificar seres humanos à sua causa, não excluindo a si mesmo. Liberdade significa que os instintos viris, que se deleitam na guerra e na vitória, predominam sobre outros instintos, os da “felicidade”, por exemplo. O ser humano que se tornou livre, e tanto mais ainda o espírito que se tornou livre, pisoteia a desprezível espécie de bem-estar com que sonham pequenos lojistas, cristãos, vacas, mulheres, ingleses e outros democratas. O homem livre é o guerreiro. — Como se mede a liberdade, tanto em indivíduos como em povos? Conforme a resistência que tem de ser vencida, conforme o esforço que custa ficar em cima. O mais elevado tipo de homens livres deve ser buscado ali onde é continuamente superada a mais alta resistência: a cinco passos da tirania, junto ao limiar do perigo da servidão. Isso é psicologicamente verdadeiro se por “tiranos” compreendemos instintos implacáveis e terríveis, que provocam o máximo de autoridade e disciplina para consigo — Júlio César sendo o tipo mais belo —; isso também é politicamente verdadeiro, basta que se percorra a história. Os povos que tiveram algum valor, que se tornaram de valor, nunca se tornaram assim sob instituições liberais: o grande perigo fez deles algo que merece respeito, o perigo que nos faz conhecer nossos recursos, nossas virtudes, nossas armas e defesas, nosso espírito — que nos compele a ser fortes... Primeiro princípio: há que ter necessidade de ser forte; senão jamais chegamos a sê-lo. — Aqueles grandes viveiros para uma forte, a mais forte espécie de gente que até hoje existiu, as comunidades aristocráticas da espécie de Roma e Veneza, entendiam a liberdade no mesmo exato sentido em que eu entendo a palavra: como algo que se tem e não se tem, que se quer, que se conquista...